A língua típica de Minde – a Piação do Ninhou, como nesta própria língua se lhe chama, é um código desde há muito adaptado pelos seus naturais para se fazerem entender entre si quando as circunstâncias recomendam uma comunicação sigilosa na presença de estranhos.
Não sendo propriamente um dialecto a sua utilização como gíria assenta essencialmente em vocábulos de natureza substantiva usados em frases de fácil compreensão desde que os falantes dominem ou sejam capazes de intuir a metáfora utilizada.
Tudo leva a crer que este linguajar tenha sido iniciado pelos religiosos do Hospício de Sant´Ana pois alguns dos seus termos são reveladores de uma etimologia que foge um pouco à cultura popular.
Muitas investigações têm sido feitas a respeito desta curiosidade linguística, mesmo da parte de estudiosos, que lhe chegam a reconhecer um mérito filosófico aparentemente excessivo.
De qualquer modo o “Mindrico”, apesar da sua utilização prática ser quase nula, continua a concitar o interesse dos curiosos por estas singularidades linguísticas. Abandonado como está o uso deste peculiar modo de comunicação por se terem extinguido as profissões que estiveram na sua origem – cardadores e vendedores de mantas – o “Mindrico” encontra-se agora conservado em livros, cujas edições mais recentes apareceram enriquecidas com novos vocábulos de modo a que, como língua viva que se pretende que seja, possa corresponder minimamente às exigências de expressão do léxico dos novos tempos.
Entre as edições de vocábulários que se têm feito do “Mindrico” devem salientar-se a do Dr. Miguel Coelho dos Reis e as do CAORG de 1993 e 2004.
Como cultores históricos da “Piação do Ninhou” há que destacar António de Jesus e Silva, Francisco Santos Serra Frazão, José António Carvalho e o já citado Dr. Miguel.
Por um acaso de todo inesperado, surgiu por volta de 2007 um movimento com pretensões a relançar, dum modo mais efectivo, o uso da “piação do Ninhou”. Foi o caso de uma senhora, Drª Vera Ferreira, formada em línguas ter escolhido como tese para a sua licenciatura a língua típica de Minde. Tem sido ela que, em parceria com o Sr. Carlos Amoroso, outro estudioso deste tema, têm liderado com apoio do CAORG as ações de relançamento do “Minderico” com aulas semanais que têm sido frequentadas com certa regularidade por algumas dezenas de interessados nesta tão peculiar forma de comunicação.